O líder do governo na Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), deputado estadual Brito Bezerra (PP), fez uma análise sobre o resultado da votação que aprovou a continuidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT), neste domingo, 17, na Câmara dos Deputados.
Para o parlamentar, o País assistiu a um “show de hipocrisia” e destacou que a postura da bancada roraimense foi “lamentável” e que, caso a presidente seja deposta, o futuro de Roraima será “uma grande incógnita”. “Agora observamos que o plano do PMDB de chegar ao poder sem o voto democrático do povo está encaminhado”, frisou.
De acordo com o deputado, a população brasileira pagará pelos erros dos seus representantes. “Eu lamento por nós termos assistido tudo aquilo. Pior é saber que a Justiça lavou as mãos. Agora, espero que o brasileiro não pague um preço tão alto pelo que a maioria de seus representantes se propôs a fazer na Câmara Federal neste domingo”, complementou.
Conforme Bezerra, o resultado pode trazer um destino incerto não somente para o Brasil, mas para Roraima. “Nós somos um Estado que depende quase que totalmente dos recursos federais. Caso o Michel Temer [vice-presidente da República, do PMDB] assuma, o que irá depender do rito no Senado, toda a estrutura de relação com o Governo Federal também deve mudar. Isso trará atrasos para o Estado, sem dúvidas”, analisou.
O parlamentar lembrou das “dificuldades de relacionamento” encontradas entre o Governo do Estado e um dos principais líderes do PSDB, senador Romero Jucá. “Se isso mudar, certamente será um reinício. Teremos que nos aproximar de um novo presidente e de todos os seus aliados. Aqui nós temos o senador Romero Jucá, que é adversário declarado do governo e se fortalecerá com a saída de Dilma. Então, a questão é: como será esse relacionamento? A resposta é uma grande incógnita”, afirmou.
Ele reforçou que a bancada roraimense não considerou os avanços do Estado perante o governo de Dilma e que, também, não houve uma análise real do que estava sendo julgado. “Para Roraima, para o nosso governo, a mudança será extremamente negativa. E nosso governo lamenta o posicionamento da bancada federal, mas respeitamos a opinião de cada um”, enfatizou. “Com a mudança, o nosso governo não terá mais a condição de resolver os nossos problemas devido à falta de entendimento político na situação do Estado com o PMDB nacional”.
CENÁRIO NACIONAL – O rito do processo de impeachment no Senado Nacional será definido ainda hoje. Em relação aos próximos passos e a avaliação da denúncia aceita contra Dilma Rousseff, o líder do governo de Roraima acredita que, durante este período em que a presidente será “julgada”, o povo brasileiro avalie “o jogo político do impeachment”.
“Espero que os brasileiros consigam entender qual é o plano de fundo desse grande jogo de poder, durante esse próximo mês de ações no Senado. Espero que as pessoas não só entendam, mas que pressionem de forma positiva os senadores a desfazerem o que foi feito na Câmara Federal”, avaliou.
Para Brito Bezerra, o aceite do processo de impeachment sem a comprovação de um crime por parte da presidente é desvalorizar o voto de 54 milhões de eleitores brasileiros. Ele afirmou que, caso fosse comprovado como crime de responsabilidade a justificativa das pedaladas fiscais, o vice-presidente também deveria ser punido.
De acordo com o parlamentar, Michel Temer assinou 40% dos decretos de solicitação de crédito. “Se Dilma cometeu o crime de responsabilidade fiscal, como dito no relatório, Temer também cometeu porque ele assinou. Então, acredito que o vice não pode apontar para a presidente e acusá-la de algo que ele também fez”, esclareceu Brito Bezerra.
O líder do governo destacou ainda a acusação de Temer para deixar a base do governo. Em seu discurso, o vice-presidente alegou que Dilma recebeu propina durante a campanha. “Vejam só: se ele fazia parte da chapa e o dinheiro foi usado para promover a chapa, ele também, de forma direita, recebeu o reforço de propina para ser eleito vice-presidente”, frisou.
Conforme o deputado, as ações do vice apontam “um grande complô” para derrubar a presidente Dilma. E o PMDB, com figuras como a de Eduardo Cunha, presidente da Câmara, e o Michel Temer, entre outros “figurões” do partido, pretende “assumir o poder sem a devida legalidade dos votos”. “Isso, no País democrático de fato e de direito, como é o Brasil, não é legal no sentido jurídico da palavra e nem no sentido de ser melhor para o povo brasileiro”, frisou.
Por fim, Bezerra apontou que a solução para a crise brasileira seria a convocação de novas eleições. “Se o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] agisse para caçar a chapa, novas eleições seriam convocadas, aí, sim, seria justiça de fato e democrática com o povo brasileiro. Assim retirariam quem recebeu dinheiro de propinas para se eleger e, neste ponto, são os dois lados, e deixaria o povo escolher seus representantes, o que seria a melhor de todas as opções para o Brasil. Fora isso, não existe lado positivo”, destacou. (JL)